martes, 19 de enero de 2010

Inocentes em Belford Roxo









Sob este viaduto,

donde partem
as notas dos madrigais
dos jovens corações,

há gente morrendo
de fome.

Quer dizer,
se me juras teu amor
e paro de vez
com este negócio
de canção,

mau vendedor
que sou

-sucedâneo,
fragmentário,
byroniano-,

ainda,

sob este viaduto,

haverá gente morrendo
de fome.

Morena,
entenda que
eu te canto,
e te canto
como alguém que faz
a vida da vida
em frangalhos,

menos como cantor
que como operário:

sob este viaduto
donde te escrevo
(minha vida quadrada
vê incrédula o século,
preso n'alma
pelas janelas do ônibus 326
Bancários - Castelo),

há gente morrendo

de fome,

de fome,

de fome.



José A. Vargas B.
Rio de Janeiro, janeiro de 2010.

No hay comentarios: