sábado, 19 de diciembre de 2009

Segundo ensaio sobre um clochard

Segundo ensaio sobre um clochard
A J. G.


Cara,
esta cabeça
é triste.

Olha seu caminhar
convalido,
suas costelas
de lata,
sua loucura
de amores
enfermiços,
nervoso quando falta
seu café,

sempre com seu Marx,
seu Sinatra,
suas palavras cruzadas.

Que esperanças
num clochard?
Que de genial
haverá de vir
dos seus braços oxidados
a sustentar-lhe uma taça de vinho?
Como ama,
se é que ama,
moribundo,
um mendigo?

Ouça-se a arritmia,
o descompasso
do coração infausto.
Observe-se
o desdém
-contíguo ao espanto-
pela vida.

Valor, clochard,
valor,
é uma só corrida.
Vá até a princesa.

José A. Vargas B.

Rio, dezembro de 2009.

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